O incrível mundo das cordas no tênis
Hoje em dia os tenistas tem uma série de opções na hora de escolher o encordoamento de sua raquete. Modelos que variam entre 30 até 350 reais e apresentam o que há de mais moderno em tecnologia, buscando atender individualmente cada demanda. Para a elaboração desse artigo, contamos com a colaboração de Ricardo Quissak, sócio da loja online Tennis Classic e que entre 1992 e 2006 foi o responsável pelo encordoamento das raquetes do time brasileiro na Copa Davis, além de ter trabalhado com tenistas como Anna Kournikova, Martina Hingis e Gustavo Kuerten entre 1998 e 2004.
Para avaliação na hora da escolha da corda e da tensão, o tenista deve se atentar para uma série de fatores, como seu estilo de jogo, tipo de piso no qual jogará, condições climáticas e do ambiente, como, por exemplo, vento, umidade e até altitude, que serão fundamentais para que a escolha seja a mais assertiva possível.
Em pisos mais rápidos ou em locais com maior altitude, recomenda-se que a tensão seja mais alta, para garantir maior controle, em contrapartida em pisos mais lentos ou em locais que em nível do mar, a opção recomendada é por tensões menores para gerar mais potência nos golpes.
“A escolha da corda e da tensão é muito pessoal e depende de muitos fatores como: peso da bola, temperatura e condições climáticas. Hoje em dia temos disponíveis inúmeras opções para atender a demanda de cada tenista. Os profissionais, por exemplo, costumam levar para o jogo raquetes com diferentes tipos de tensão, para estarem preparados para qualquer tipo de situação dentro do jogo.” afirma Quissak.
Tensão e cordas dos profissionais
Há muitos mitos e verdades quando o assunto é tensão das cordas, algo que deixa o tenista indeciso na hora de encordoar sua raquete. Um fator importante é o padrão de cordas da raquete, isto é, a disposição entre as cordas na vertical e horizontal. Eles podem variar de um padrão mais aberto 16x19 que oferece maior velocidade, conforto e spin para o mais fechado, 18x20, que propicia ao tenista maior controle e durabilidade da corda.
Ricardo já teve oportunidade de trabalhar com grandes nomes do tênis, inclusive com Gustavo Kuerten, maior tenista brasileiro e conta uma curiosidade do catarinense "Antes de começar a encordoar para o Guga na Copa Davis ele encordoava com 62 libras. Quando comecei a fazer eventos com ele, a partir de 1998, essas tensões foram mudadas para se adaptar a cada piso e fator".
Um dos maiores tenistas de todos os tempos, o norte-americano Pete Sampras, por exemplo, costumava a jogar com incríveis 70 (!) libras e uma das histórias contadas é que colocava suas raquetes em um freezer para que não houvesse a mínima perda possível de tensão. Em contrapartida, o italiano Fillipo Volandri jogava com meras 24,2 libras.
Levando em consideração o avanço tecnológico, hoje em dia poucos tenistas optam por altas tensões. Uma exceção a esta regra é o alemão Dustin Brown, que já chegou a utilizar 71 libras em suas raquetes.
Roger Federer utiliza libragem entre 45 e 48 libras, Novak Djokovic prefere encordoar com tensão entre 56 e 59 libras, enquanto que Rafael Nadal prefere manter as cordas na casa das 55 libras. Conhecido pelos potentes golpes, o argentino Juan Martin Del Potro utiliza 62 libras, mesma tensão utilizada pelo Escocês Andy Murray.
Entre as mulheres, as irmãs Williams costumam a encordoar suas raquetes na casa das 66 libras, maior tensão entre as tenistas top. Simona Halep joga com cordas entre 53 e 55 libras enquanto que Caroline Wozniacki utiliza 54 libras.
Entre os brasileiros, o duplista Marcelo Melo costuma encordoar com tensão de 44 libras. Thomaz Bellucci, número 1 do país, joga com tensões que variam entre 48 e 50 libras, ao passo que João Souza, o Feijão, mescla suas raquetes com tensões de 44, 45 e 49 libras.
Quando a questão é tipo de corda utilizado no circuito profissional pode-se afirmar que 95% dos jogadores profissionais masculinos, e uma boa fatia do feminino, usam o copolímero. “A vantagem do copolímero para o jogador é que ao pegar a raquete recém encordoada é bem difícil quebrar em dois sets, por exemplo” conta Quissak.
O suíço Roger Federer, por exemplo, costuma a misturar dois tipos de corda, um copolímero na vertical e uma tripa natural na horizontal. Nadal e Djokovic, reconhecidos por serem grandes trocadores de bolas optam pelos copolímeros. O escocês Andy Murray costuma a variar entre copolímero e tripa natural. O sacador John Isner é outro adepto do copolímero.
Como avaliar o custo-benefício
O especialista Ricardo Quissak comenta qual tipo de corda apresenta o melhor custo benefício para o tenista. “O multifilamento é uma excelente opção, pois é a que mais se aproxima da tripa natural e ajuda a preservar o braço do tenista. A base de poliamida com poliuretano, ela apresenta aproximadamente 1500 filamentos, proporcionando conforto e maciez, com ótima absorção de vibração.”
É importante considerar todos os fatores na escolha da corda, bem como da tensão da raquete, desde estilo de jogo até prevenção de fadiga e desgaste do braço. Como são geralmente importadas, as cordas apresentaram um sensível aumento no preço final para o consumidor brasileiro. A opção por rolos de cordas pode ser mais vantajosa para os tenistas que passam mais tempo na quadra.
E você com que corda e tensão costuma a jogar? Já fez adaptações por algum motivo? Conta para a gente nos comentários.